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Arquitetos: SUBdV
- Área: 500 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Rodrigo Chust
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Fabricantes: Claudio Moreira, Coelho Metal Esquadrias, Francisco de Andrade
Descrição enviada pela equipe de projeto. Utilizamos três etapas para a realização do projeto: computação paramétrica, simulação ambiental e fabricação digital guiada pela metodologia do High Low, onde High - tecnologia utilizada para a geração da arquitetura através da computação e Low - instruções produzidas para que uma mão de obra não especializada pudesse construir a fachada de blocos de concreto, assim o mobiliário e painéis produzidos com fabricação digital.
O prédio anexo abriga principalmente o novo escritório e também outros programas, como armazenamento e showroom, e foi construído na parte frontal da fabrica existente em Taboão da Serra, SP. O espaço de pé-direito duplo no piso térreo é usado para armazenagem de matéria-prima; os primeiro e segundo andares são dedicados a escritórios administrativos para a fábrica , e o piso final será utilizado para o novo show-room de produtos de fábrica. A intenção geral do edifício foi dar uma identidade industrial contemporânea para o novo complexo da fábrica.
Acredito que este projeto representa a primeira vez, no Brasil , em que um sistema de fachada baseado em componentes diferenciados, controlados através da computação paramétrica, seja construída. Como resultado destas etapas, uma fachada de controle ambiental permite tanto a filtração controlada dos raios solares diretos na face sul e oeste da fachada e também cria uma massa crítica que evita a penetração do ar quente no escritório. Combinado com um brise na face oeste e sul, o lado norte é fechado por estar encostado no edifício existente, e o lado leste aberto é parcialmente sombreado por árvores e pelo muro do vizinho que permite uma ventilação natural cruzada dentro do ambiente. Consequentemente, a temperatura do escritório é agradável e o coBLOgó produz um efeito fenomelógico com o jogo de luz e sombra.
A computação paramétrica foi usada tanto para gerar opções relacionais diferentes entre geometria e desempenho ambiental quanto para obter um método de construção da fachada. Os scripts paramétricos geraram graduações de aberturas diferentes criados pelas rotações e espaçamento variado dos blocos de concreto, sendo controlado por pontos de atração. Variações de aberturas diferentes foram testadas simultaneamente com software de simulação ambiental para verificar quais das opções dariam uma melhor iluminação natural indireta combinado com o melhor sombreamento. Fatores como estrutura e construtibilidade aliados a construção de protótipos ao longo do processo foram cruciais para a escolha da fachada.
Para a montagem dos blocos de concreto in loco, um script paramétrico gerou ‘guias’ de posicionamento dos blocos. Estas guias foram cortadas a laser em material papelão. Estas guias foram colocadas numa estante também fabricada digitalmente com a router CNC. O mestre de obras só precisou colocar os blocos adjacentes às guias e vergalhões interçalados para integridade estrutural. Este processo que liga a computação paramétrica e fabricação digital ao canteiro de obra ilustra o processo chamado HIGH – LOW, que a SUBdV aplica em vários projetos e pesquisas através de experimentos feitos durante os workshops do Architectural Association Visiting Schoool. Este processo combina processos de alta tecnologia (computação paramétrica, fabricação digital) com matérias e métodos de construção de baixa tecnologia, neste caso os blocos de concreto, para ‘tropicalizar’ e dar uma identidade nova e brasileira para o design digital, que é cada vez mais universal e ubíqua. Ao mesmo tempo, esta fachada ilustra o conceito desenvolvido pela SUBdV, chamado de ‘environmental ornamentation’ ou a ornamentação ambiental, onde o ornamento da fachada para de ser entendido como apenas uma decoração, mas sim como elemento funcional ao uso interno, produzindo uma nova estética.
A Computação Paramétrica e a Fabricação digital foram usadas para realizar os painéis decorativos das paredes, o guarda-corpo e os móveis de escritório. Os painéis da parede e o guardo-corpo foram concebidos para absorver o som na planta livre do escritório e também para ambientar o espaço monocromático com superfícies policromáticas. Todos os painéis da parede, guarda-corpo e componentes das mesas foram cortados na roteadora CNC e detalhadas com encaixes que não necessitaram de cola, produzindo uma estética lúdica. As mesas foram projetadas em duplas, tendo uma canaleta central para receber e distribuir os cabos elétricos e data no centro, e divisórias centrais para dar privacidade entre os usuários.